Caso do ex-jogador de basquete que agrediu namorada com 61 socos dentro de elevador expõe ciclo de violência e falhas na prevenção.

  


Um caso de extrema brutalidade chocou o país nos últimos dias e reacendeu o debate sobre os sinais ignorados da violência doméstica e a reincidência de agressores com histórico abusivo. O ex-jogador de basquete Igor Eduardo Pereira Cabral, de 29 anos, foi preso após espancar violentamente sua namorada, Juliana Garcia dos Santos, de 35 anos, dentro de um elevador em um condomínio de alto padrão localizado na praia de Ponta Negra, em Natal (RN).

As imagens captadas pelas câmeras de segurança revelam cenas de pânico e descontrole. Em menos de um minuto, Igor desfere 61 socos contra o rosto da vítima, que tenta inutilmente se proteger em um espaço confinado e sem qualquer possibilidade de fuga. O ataque foi motivado por uma crise de ciúmes após o agressor exigir acesso ao celular da companheira. Ao visualizar mensagens que o desagradaram, Igor atirou o aparelho na piscina e desceu ao apartamento para recolher seus pertences. Juliana tentou conversar e entrou com ele no elevador — local onde a agressão foi registrada em vídeo.

A brutalidade do ataque resultou em fraturas faciais e maxilares, exigindo que a vítima fosse submetida a cuidados médicos imediatos. Devido ao inchaço, a cirurgia corretiva foi adiada e Juliana passou a seguir uma dieta líquida, além do uso contínuo de analgésicos. Apesar dos ferimentos, ela permaneceu consciente e revelou à polícia que já vinha sendo vítima de agressões verbais e psicológicas há meses. Em depoimento, relatou que chegou a demonstrar sinais de depressão e pensamentos suicidas durante o relacionamento, sendo desencorajada a buscar ajuda.

Igor foi preso em flagrante por policiais militares ainda dentro do condomínio e, em audiência de custódia, teve sua prisão convertida em preventiva. A Justiça do Rio Grande do Norte entendeu que ele representava risco à integridade da vítima e da ordem pública. O atleta, que já defendeu o Brasil em competições internacionais de basquete 3x3, agora responde por tentativa de feminicídio e lesão corporal gravíssima.

Durante o interrogatório, Igor alegou que sofreu um “surto claustrofóbico” no momento do ataque, justificando seu comportamento violento como uma reação emocional descontrolada. A defesa afirmou que ele está cooperando com as autoridades e confia no devido processo legal. A justificativa, no entanto, foi recebida com indignação por ativistas e juristas especializados em violência de gênero, que classificaram a fala como tentativa de minimizar a gravidade do crime.

A família de Igor emitiu nota lamentando profundamente o ocorrido e repudiando qualquer tipo de violência. Informaram ainda que também estariam sendo vítimas de ameaças e hostilizações, inclusive com a divulgação indevida de seus endereços em redes sociais e grupos de mensagens.

O caso causou comoção nacional e levantou reflexões importantes sobre como sinais de abuso muitas vezes são ignorados até que tragédias ocorram. A situação de Juliana ilustra o ciclo da violência doméstica: inicia-se de forma sutil, com ciúmes excessivos, manipulação emocional e invasão de privacidade, até se transformar em agressões físicas de alta periculosidade.

Organizações de proteção à mulher e juristas da área cobram o fortalecimento de políticas públicas de acolhimento, suporte psicológico e denúncias mais ágeis. Também defendem a importância da conscientização sobre relacionamentos abusivos e o empoderamento feminino para romper com ciclos de dependência e submissão emocional.

Neste momento, Juliana continua em recuperação, sob acompanhamento médico e psicológico. Igor permanece preso, e o inquérito policial segue em andamento. O caso, por decisão judicial, tramita sob segredo de Justiça.


Fontes consultadas:

  • CNN Brasil

  • Terra

  • Veja

  • Meio News

  • Tribunal de Justiça do RN

  • Polícia Civil do Rio Grande do Norte

  • Documentos e vídeos oficiais do condomínio

  • Declarações públicas da defesa e família do agressor

  • Coletivas de imprensa e boletins hospitalares